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Governo está empurrando dívida do país com a barriga, diz ex-diretor do BC

Em um cenário de arrecadação de impostos abaixo do esperado e com o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, tendo que elaborar novas propostas econômicas para atingir a meta de zerar o rombo das contas públicas no ano que vem, a dívida do país está ficando em segundo plano e um dia terá de ser enfrentada.

Esta é a avaliação que o economista Luiz
Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central, faz sobre como o governo está
conduzindo a economia brasileira e que não está sendo discutida como deveria.
Embora as regras do novo arcabouço fiscal tenham trazido uma expectativa de estabilidade
no crescimento – que poderia ser “galopante” como se esperava inicialmente –, ainda
há muito o que se discutir na visão do profissional.

Figueiredo afirma que o Brasil “não está indo para o que é preciso”, mas “não está deixando a coisa se deteriorar a ponto de mudar o quadro para um cenário muito ruim”, disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo publicada nesta quarta (27).

Há a expectativa de que Haddad anuncie novas medidas econômicas entre esta quarta (27) e quinta (28) para compensar a frustração de arrecadação que está sendo prevista para 2024, e que não será suficiente com as propostas aprovadas neste ano pelo Congresso. O governo precisa de mais R$ 168 bilhões para fechar as contas em equilíbrio no próximo ano, mas tem garantido apenas pouco mais da metade deste valor.

“No fim das contas, a gente está empurrando com
a barriga uma situação que o País vai ter de enfrentar em algum momento, para
tornar o endividamento público sustentável”, ressaltou o economista.

Segundo Luiz Fernando Figueiredo, mesmo com a situação sendo empurrada com a barriga, a condução da economia na prática tem sido bem diferente da teoria, das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o país deveria fazer algum déficit nas contas públicas e gastar dinheiro em prol do crescimento. Ele – e o mercado como um todo – vê que não há sinais de que haverá um “estouro fiscal despudorado”.

Para ele, muito do que Lula fala de gastar sem
cortar na carne não passa de “espuma”. “Não vai cortar gastos ou dificilmente
cortará gastos, mas também não vai explodir a situação fiscal do país”,
completou.

O economista afirma que o governo precisará fazer
um ajuste de 2% a 2,5% do PIB em algum momento, mas destaca que a situação não
deve se deteriorar drasticamente. Por outro lado, Figueiredo afirma que já há
uma certa “contabilidade criativa”, como a exclusão de despesas para cumprir
metas.

Em resposta à possibilidade de o governo não cumprir a meta de déficit zero em 2024, Figueiredo afirmou que não se compara à gestão anterior e que o atual esforço é melhor do que a narrativa. Ele reconheceu que a situação é negativa, mas já está refletida nos ativos brasileiros, que tiveram uma recuperação em 2023.

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